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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

POLÍCIA FEDERAL ABRE INQUÉRITO

Dezesseis malotes com material referente à contabilidade da organização não governamental (ONG) Instituto Cidade foram apreendidos ontem pela Polícia Federal em operação deflagrada para apurar supostas irregularidades nos convênios firmados entre o Ministério do Esporte e a entidade, sediada em Juiz de Fora. Conforme a PF, os levantamentos iniciais do inquérito presidido pelo delegado Ronaldo Guilherme Campos já demonstram "frontal discrepância entre o montante dos repasses financeiros e a precariedade dos núcleos abrangidos pelo programa do Esporte (Segundo Tempo)". A suspeita é de que houve desvio de recursos federais, os quais, em tese, não teriam sido devidamente aplicados pelos responsáveis legais pelo Instituto Cidade. Só nos últimos cinco anos, a ONG recebeu cerca de R$ 9,5 milhões do ministério, dos quais R$ 4,3 milhões foram destinados à manutenção de 90 núcleos esportivos comunitários na cidade e região, referentes ao Segundo Tempo.
 Segundo o delegado-chefe da PF, Cláudio Dornelas, o inquérito foi instaurado a partir de reportagem publicada pela Tribuna há 22 dias. "A investigação visa a verificar se os recursos federais foram efetivamente aplicados no programa governamental Segundo Tempo." Nos últimos dias, o contrato do Instituto Cidade com o Ministério do Esporte já havia se tornado alvo de uma representação do diretório do PSDB de Belo Horizonte junto à Procuradoria da República em Minas. O delegado-chefe frisou, contudo, que a operação foi uma iniciativa de Juiz de Fora. Entre os documentos apreendidos estão contratos, termos de convênios, registros gerais, mídias eletrônicas e discos rígidos de computadores, incluindo o notebook pessoal de José Augusto da Silva, presidente da ONG. "Ainda não há certeza de nada, mas há indícios de que possa haver irregularidades", afirmou. "A documentação é farta. Não existe ainda prova de crime, mas existem fatos que vão ser checados. A partir de amanhã (hoje), uma força-tarefa será montada com os peritos criminais contábeis para análise."
O presidente do Instituto Cidade foi intimado a depor hoje. Ontem, ele demonstrou tranquilidade com a situação. "Foi uma operação padrão, e é esperado que o Instituto Cidade, por sua parceria com o Ministério do Esporte, seja investigado. Nossa atitude é de total cooperação", destacou. Sobre as dúvidas trabalhistas, ele alegou que a cooperativa é regular e que cooperados são devidamente registrados. "O Instituto Cidade não está sendo acusado de ter desviado nada. O que está sendo questionado é a quantidade de dinheiro recebida e se o programa está sendo bem executado. E temos provas de que foi executado muito bem."
Novos mandados
A operação da PF começou no início da manhã, com cumprimento de mandado de busca e apreensão expedido pela 2ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Juiz de Fora. Os policiais estiveram na residência de José Augusto, na Vila Ideal, na sede da entidade, na Avenida Francisco Bernardino, e no galpão da fábrica de material esportivo, no Bairro Santa Terezinha. No último endereço, os federais suspeitaram, ainda, de irregularidades trabalhistas. Auditores do Ministério do Trabalho estiveram no local e vão averiguar a situação, mas, por enquanto, as atividades não foram interrompidas.
Os dois delegados não descartam a possibilidade de novos mandados de busca e apreensão. Questionados sobre os envolvidos, entretanto, eles informaram que, no momento, os nomes serão preservados. Sobre o secretário Nacional de Esporte, Lazer e Inclusão Social, Wadson Ribeiro (PCdoB), responsável pelos convênios com o instituto e correligionário de José Augusto da Silva, Cláudio Dornelas disse apenas que "com relação a pessoas outras ligadas ou não à ONG, não temos o que falar, mas qualquer pessoa que for citada nos documentos ou sobre a qual houver indício de envolvimento em irregularidades será intimada".

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