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sexta-feira, 25 de março de 2011

Empresário libanês dá carro de presente ao ex-presidente Lula


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhou de presente um carro do libanês Youssef Chataoui, empresário que se estabeleceu no Brasil após ser preso e acusado de se envolver na disseminação da doença da "vaca louca" na França, em 2001, por importação ilegal de insumos contaminados para ração animal. Em nome de sua empresa, a Agrostar, as chaves do veículo foram entregues a Lula como "doação" ao Instituto Cidadania, onde Lula despacha, com direito a fotos e aplausos no jantar com a comunidade árabe segunda-feira no Clube Monte Líbano , com mais de 500 convidados.
Chataoui é sócio majoritário da Agrostar do Brasil, criada em 2002 para atuar em importação, exportação e fabricação de alimentos para animais. Na França, constam em seu nome e com o mesmo endereço comercial as empresas Agrostar e a Euro Feed Industries (EFI) - esta, pivô da investigação na Justiça francesa sobre o surgimento da doença. Em seu escritório em São Paulo, funcionários informaram que ele é "amigo pessoal" de Lula e que a empresa não estava interessada em divulgar a doação.
O libanês foi preso em outubro de 2001, no Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, quando tentou embarcar para São Paulo. De acordo com o noticiário local, que citou fontes policiais, ele pensava em "reconstruir sua vida" no Brasil - porém, foi detido porque estava sob "supervisão judicial" e havia meses que parara de comparecer semanalmente ao posto policial de Boulogne (França), conforme acordo judicial. Sua defesa alegou que a viagem era de trabalho e que ele visitaria fornecedores brasileiros.
A assessora de Lula, Clara Ant, afirmou nesta quarta-feira que apenas o doador poderia dar esclarecimentos sobre o presente e que o Instituto Cidadania existe há muitos anos e está "apto" a receber doações. Por estar ocupada com tratativas da agenda da viagem de Lula a Portugal, não poderia dar esclarecimentos sobre um ou outro presente.
Funcionários da Agrostar informaram que a empresa "não quer sair na imprensa". O diretor, que se identificou como Omar, disse que o veículo é um "utilitário", para uso institucional da entidade de Lula; que a doação foi feita por meio de "pessoa física"; e que Chataoui entraria em contato para esclarecimentos, o que não ocorreu. O condomínio registrado como endereço residencial de Chataoui informou que ele não mora no prédio, localizado em Higienópolis, bairro de luxo da capital. Seu advogado em Paris não foi localizado nesta quinta-feira à noite.
Assediado na saída do evento, Lula não quis conceder entrevistas e repetiu diversas vezes que está "desencarnando". Ele tem despachado no Instituto Cidadania, em São Paulo.

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