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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O Solar dos Andradas se despede de um grande Comandante


O primeiro Centro de Preparação de Oficiais da Reserva foi criado no Brasil pelo então Capitão de Artilharia Luiz de Araujo Correia Lima, um homem muito ‘avançado’ para sua época, no Rio de Janeiro em 1927.

O primeiro Centro de Preparação de Oficiais da Reserva foi criado no Brasil pelo então Capitão de Artilharia Luiz de Araujo Correia Lima, um homem muito ‘avançado’ para sua época, no Rio de Janeiro em 1927.


Eu disse ‘avançado’ porque sua visão se mostrou correta em 1927 e importante quando em 1939 eclodiu a Segunda Guerra Mundial. E, se foi difícil conseguir os 25 mil soldados para enviar para a Itália em 1944, os Oficiais subalternos – como são denominado os jovens Tenentes que comandam as pequenas frações de tropa (Pelotões ou Esquadrões), tínhamos de sobra, pois naquela época o CPOR/RJ era feito em 3 anos e tinha 1.800 alunos (600 em cada ano).


No meu tempo – entrei em 1963 e saí Aspirante em 1965, já era feito em dois anos, com um contingente de 1.200 Alunos na Quinta da Boa Vista, quartel que hoje é o Museu Militar Conde de Linhares (se não conhece, vale a pena visitá-lo).


Em 1968, mudou para os dez meses atuais como o restante do Serviço Militar obrigatório e o quartel se mudou para a mesma rua em São Cristóvão, com a saída dos Dragões da Independência para Brasília, onde hoje funciona o I Batalhão de Guardas.


Em 1998, mudou-se para a Avenida Brasil em Bonsucesso, encravado na favela da Maré ainda não pacificada, e, atualmente, tem 200 Alunos.


Hoje temos cinco CPOR no Brasil, e além do já mencionado no Rio de Janeiro, temos em Porto Alegre (RS), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG) funcionando junto com o Colégio Militar e Recife (PE).


E quase uma centena de Núcleos (NPOR) que fazem parte integrantes de Organizações Militares diversas.


Como Estabelecimento de Ensino, são todos diretamente subordinados à antiga Diretoria de Formação e Aperfeiçoamento (DFA) em mudança de nome para DESMIL - Diretoria de Ensino Superior Militar cujo Diretor é o General de Divisão Fernando Vasconcellos Pereira cuja foto veremos neste artigo.


A DESMIL é uma das Diretorias do DECEX – Departamento de Educação e Cultura do Exército cujo Chefe é o General de Exército Ueliton José Montezano Vaz e funciona no Palácio Duque de Caxias aqui no Rio de Janeiro.


Eu acompanhei o Tenente Sérgio Pinto Monteiro, Presidente do CNOR – Conselho Nacional de Oficiais R/2 do Brasil à São Paulo. No Aeroporto de Guarulhos, fomos recebidos pelo Tenente Aniz Buissa, Presidente da ABORE-SP (Associação Brasileiro de Oficiais da Reserva) e, orgulhosos envergando o nosso uniforme 3D1 (dos Oficiais R/2) nos dirigimos para o CPOR de São Paulo.


Lá cumprimentamos o Comandante sucedido, Coronel de Infantaria EdsonBarboza Guimarães, o Comandante Sucessor, Coronel de Artilharia Carlos Sérgio Câmara Sau e também o General Vasconcellos, já nominado no alto deste artigo e que estava hospedado no Hotel de Trânsito do próprio CPOR/SP e que veio, como autoridade enquadrante (jargão militar para Chefe imediato na hierarquia), para presidir a Passagem de Comando.


Tenho certeza que o leitor e leitora que nos acompanha está há tempos estranhando, um texto já enorme e nem entramos ainda no assunto. Pois este Editor quer dar exatamente a impressão que recebemos ao chegar ao famoso Solar dos Andradas. Tudo é grande, tudo opulência e organização, e, sem desmerecer os Comandantes que o antecederam e, portanto fizeram a história desse CPOR localizado no bairro de Santana, outrora famoso pelo Presídio do Carandirú que não existe mais, os diversos elogios que ouvimos das autoridades durante o transcorrer desta manhã, tem nome: Coronel Barboza.


Este Editor pode falar com a razão e o coração já que conhecemos este Comandante quando trabalhava em Brasília no Centro de Comunicação Social do Exército, cujo Chefe era o General (de Brigada) Adhemar, o mesmo hoje General de Exército Adhemar da Costa Machado Filho, Comandante Militar do Sudeste.


O CPOR já foi seu segundo Comando em São Paulo, pois o Cel Barboza também comandou o Batalhão de Polícia do Exército nesta capital paulista. É também o último, pois o posto de Coronel é o final da carreira do militar e em pouco tempo ele estará aposentado por tempo de serviço ou, no jargão militar, reformado.


Como ele mesmo me disse, ficará algum tempo no CMSE junto ao amigo e Chefe para arrumar sua vida nesta mudança radical que é a passagem para a reserva. Principalmente porque, nestes anos que ficou no Comando do CPOR, com dedicação exclusiva e todo o tempo, pouco pode dedicar à sua família, mais diretamente D. Laura, a esposa e ao casal de filhos.


O dia em São Paulo estava esplêndido, num dia ensolarado, sem nuvens, e o calor, rivalizando com o do Rio.


A primeira parte da cerimônia é sempre a inauguração do retrato do sucedido na Galeria de ex-Comandantes.


É o primeiro ato do sucessor, logo, quem começou com a palavra foi o Cel Sau.


Fez diversos elogios à forma fidalga com que foi recebido nestes dez dias que se apresentou para receber as informações e tomar pé da organização interna, ao trabalho, organização e prestígio do Comandante que sai...


Depois, como reza o regulamento, convidou o General Vasconcellos, como já dito, Chefe imediato de todos os Estabelecimentos de Ensino (AMAN, ECEME, CPOR’s, IME, entre outros) para descerrar o retrato.


O General Vasconcellos, explicou então aos muitos convidados civis que lotavam o enorme gabinete (notou a profusão de adjetivos e superlativos? Não são casuais em São Paulo e nem conheço ainda Itu), que se bem que o regulamento determine que o retrato seja descerrado pelo Chefe, a tradição do Exército transfere essa honra e privilégio àquela que, ao lado do marido, apoiou e deu condições a que ele fizesse essa dedicação exclusiva ao trabalho que leva à excelência. E assim, D. Laura descerrou sob aplausos o retrato que leva o nosso amigo que se despede à imortalidade. Sai do Comando para entrar para a história, como ouvimos tantas vezes...

Então, o que é raríssimo, o Comandante de Área, mais alta autoridade militar do Estado, General Adhemar (CMSE), informou quer iria usar a palavra.

Disse que não iria se alongar nos elogios ao amigo pois a referência elogiosa é parte da cerimônia e seria feita pelo General Vasconcellos, mas teceu vários comentários, já que como Comandante Militar do Sudeste, foi testemunha do magnífico trabalho.

E sempre, isso só vale para quem conhece o General Adhemar, termina suas palavras com alguma brincadeira. A de hoje foi perguntando aos presentes quando de fato o Comandante Sucessor recebe o Comando?

Todos pensaram que fosse (o Comandante sucessor) no seu primeiro ato oficial na inauguração do retrato do ex-Comandante.

Não, informou o sorridente General. – É quando um passa para o outro o celular funcional. E aí apontando para o Cel Sau, perguntou: - Recebeu?

- Sim senhor, respondeu o Cel Saurecebi ontem!

E todos riram terminando ali no Gabinete a cerimônia e descendo para o ensolarado pátio para a formatura.

A Solar dos Andradas, outrora Pátio Patriarca da Independência, é uma construção histórica com a frente para a Rua Alfredo Pujol, de dois andares cujas varandas superiores já estavam tomadas por convidados e em cujo centro temos o pátio de Formatura. Nesta época ainda não temos Alunos, logo, a tropa formada era a de soldados da Companhia de Comando e Serviço, responsável pelos serviços essenciais no aquartelamento. A nova turma de Alunos incorporará neste sábado dia 4.

A Banda, excelente, a do Batalhão da PE, no passado, também comandante, como já dito, pelo Cel Barboza.

No palanque, todos os Generais da Guarnição prestigiando o evento, General Adhenar (CMSE), General Floriano Peixoto, (2 DE), General Peternelli(2 RM), Gen Vasconcellos (DESMIL), Gen Russo (Chefe do EM do CMSE) e General Marcio (Comandante da Brigada Antiaérea).

E mais um ilustre visitante: O General de Exército Francisco Roberto deAlbuquerque, antigo Comandante do Exército e quem assinou a Portaria criando o Dia Nacional do Oficial R/2 em 4 de novembro, comemorado em todas as guarnições em homenagem ao nascimento de Correia Lima.

Não devo me alongar mais: a cerimônia militar é um padrão descrito noVade Mecum, começando com o Canto do Hino Nacional, palavras de despedida e agradecimento do emocionado Cel Barboza, leitura do elogio consignado e lido pelo próprio General Vasconcellos onde relaciona e enaltece todos os feitos nesses dois anos de Comando e leitura do currículo do Cel Sau.

Nesse momento, o General Vasconcelos e os dois Comandantes tomam suas posições diante da Bandeira Nacional e a tropa, espadas desembainhadas e no ombro, o sucedido profere as palavras entregando o Comando e nominando o sucessor enquanto que este apenas declara que recebeu o Comando, depois se defrontam e abatem espadas enquanto a Banda executa um exórdio.

Depois que a Bandeira retorna à sua posição em forma (para o desfile), os dois Comandante se apresentam ao Chefe, um por haver passado e outro recebido o Comando. O General volta ao palanque e os Comandantes passam em revista à tropa.

A cerimônia termina com o desfile ao novo Comandante, primeiro o desfile da tropa a pé, e depois o motorizado com todas as viaturas da Unidade, outro assombro, pois contei oito carros civis para serviços administrativos, vários jipes e doze caminhões, ou, no jargão militar, Viaturas 5 ton.

Só para parâmetro, o CPOR do Rio tem apenas duas 5 ton e, muitos anos passou apenas com uma...

Outro grande diferencial: Todos os anos, já uma tradição lá, patrocinados por uma grande empresa, os primeiros colocados nos sete Cursos acompanhados do Comandante e um instrutor, passam dez dias nos EUA visitando a Academia Militar de West Point, o Pentágono em Washington e a ONU em Nova Iorque.

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