VISUALIZAÇÕES

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Jamais esqueceremos, nunca será esquecido (era Oficial R/2)


O estudante de medicina Henrique Vasques, 20, morreu afogado na última segunda-feira (2), após cair em um rio congelado na cidade de Kursk, cerca de 500 km a sul de Moscou. Henrique nasceu em São Paulo, e foi para a Rússia com uma bolsa de estudos para iniciar um curso de medicina. Tenente de cavalaria, seu plano era voltar ao Brasil para continuar na carreira militar depois de se tornar médico.

Os rios e lagos de Kursk congelam durante esta época do ano devido às baixas temperaturas. Entretanto, com temperaturas menos rigorosas que o normal, que variaram entre -2° e 0° na última semana, a camada de gelo que se forma sobre eles não é grossa o suficiente para suportar o peso corporal, e o lago pelo qual o estudante caminhava com um colega cedeu.

“Eles pensaram que o gelo estava grosso, só que uma frecha se abriu e os dois afundaram”, conta um estudante da universidade que não quis ter seu nome divulgado. Vasques estava acompanhado pelo amigo, também brasileiro, Rafael Lusvarghi, 27.

Os dois haviam patinado sobre o lago e resolveram caminhar pelo percurso que já haviam feito, quando foram tragados pela abertura no gelo. Eles tentaram nadar até a borda do lago, mas Henrique não resistiu.

Rafael foi resgatado por um policial que passava pelo local. Teve algumas escoriações na perna, hipotermia e ficou inconsciente, mas já passa bem. Henrique, resgatado inconsciente, não resistiu à baixa temperatura e morreu no local. 

Muitos amigos

Em pouco tempo Henrique conquistou vários amigos, apesar da barreira da língua e da mudança para um novo país. “Ele adorava a Rússia, adorava o lugar. Fez amigos em pouco tempo. Não só os brasileiros que foram com ele, mas russos também, e passou o Natal já com com quatro amigos russos”, conta seu irmão, Victor Vasques.

Henrique completaria 21 anos em março e planejava ir em julho para o Brasil para comemorar com a família. Sua ideia era terminar a faculdade de medicina e voltar ao Exército brasileiro, onde era tenente de Cavalaria.

“Logo que ele começou a jogar futebol na Rússia o apelidaram de Kaká”, conta Victor.

A família de Henrique está no Brasil, e a embaixada brasileira providencia os documentos necessários para o traslado do corpo junto às autoridades brasileiras. O traslado, entretanto, pode levar mais tempo que o normal, já que as festas russas de final de ano se estendem, em geral, até o dia 10.

Nunca será esquecido


De acordo com Victor, a primeira coisa que Henrique fez ao chegar em Kursk foi visitar o memorial da Segunda Guerra Mundial da cidade. “Jamais esqueceremos. Nunca será esquecido. Essa foi a frase que ele disse quando chegou na Rússia. Agora ela faz mais sentido do que qualquer coisa”, diz o irmão.


Depois de concluir o curso de oficiais do CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de São Paulo), e ingressar num curso de Engenharia Aeroespacial, Henrique começou uma iniciação científica, onde passou a trabalhar com novas tecnologias médicas. Foi quando começou a se interessar mais pela neurocirurgia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário