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domingo, 15 de maio de 2011

Fibra de Herói ou Marcha Soldado?

Desprestigiado pela chefona-em-comando Dilma Rousseff, que não gosta dele pessoalmente, mas é obrigada a engoli-lo em seu time ministerial, Nelson Jobim se supera a cada entrevista. O ministro da Defesa deu mais uma demonstração de retranca. A equipe da TV Senado lhe perguntou, na lata, em uma entrevista que ainda vai ao ar: “Ministro, quem é o inimigo do Brasil?”. 

Jobim preferiu minimizar, avaliando que o Brasil não tem inimigo. Respondendo tal inverdade – não por ignorância, mas por conveniência -, Jobim abre a brecha para que um militar ou estudioso de assuntos estratégicos globalitários também possa ironizar, maldosamente, que o Brasil não tem ministro da Defesa...

Ter ou não ter? A questão é supérflua. O que o Brasil precisa são de Forças Armadas em reais condições de cumprir o papel de garantir a soberania nacional e a defesa da Pátria – princípios detonados, sistematicamente, pela lógica canalha do globalitarismo. O País não precisa de um “Exército da Salvação”. É importante a atuação dos militares em missões especiais, como a de Defesa Civil, no socorro a catástrofes. 

É questionável a atuação direta como empreiteira de obras públicas. Também é polêmica a ação, interna ou externa, como uma “Polícia Militar de Elite” – como acontece no Haiti ou nas barras pesadas de operações de GLO (Garantia da Lei e da Ordem). Os segmentos esclarecidos da sociedade brasileira precisam parar para discutir a função verdadeira das Forças Armadas – as efetivas garantidoras da Nação.

Tomara que tais assuntos entrem na pauta da esperada entrevista, a partir das 23h 30min deste domingo, no programa Canal Livre da Rede Bandeirantes. A expectativa é que o General de Exército Augusto Heleno, recém mandado para a reserva, solte o verbo sobre questões que afligem as Forças Armadas, em particular, e os brasileiros que conseguem ainda observar, lembrar, pensar e agir, no geral. 

Nelson Jobim, que não gosta do Heleno, deve deitar mais tarde, para assistir ao evento. A entrevista foi agendada, na surdina, pela cúpula do EB, que tem boas relações com o dono do grupo Band. O empresário Johny Saad ama a Força porque é oficial R-2 da Reserva do EB. Cursou o CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva).

Tomara que a entrevista do General Heleno seja o ponta-pé para as Forças Armadas saírem da retranca. O ataque assimétrico à imagem dos militares e aos valores nacionais se intensifica na mídia (amestrada e abestada) e nos autoproclamados meios “intelectuais”. Os militares não podem ficar inertes levando pancadas ideológicas pós-1964. É hora de espantar o “medinho” – como diaria o Capitão (que virou Coronel) Nascimento. A coragem responsável , democrática e dentro da legalidade, é a diferença entre uma tropa de elite e uma tropa de zelite – aquela marca de vasos sanitários...

As Legiões pagam caro pela maior bobagem histórica que cometeram, que foi o verdadeiro golpe de 1985 – quando permitiram que José Sarney fosse empossado na Presidência, com a morte de Tancredo Neves. O certo seriam novas eleições. Na época, o General Leônidas e a cúpula das Forças Armadas foram os fiadores do imortal político maranhense. Azar do Brasil e deles, por extensão.

Por isso, nada custa dar uma seguida nos conselhos de Claude Michel Cluny, em seu estudo sobre a Guerra do Pacífico (Chile, Peru e Bolívia - 1879-1883), que mudou a geopolítica da América do Sul, e foi citado pelo economista Cesar Maia, em seu ex-blog, na semana passada. Abram áspas, se quiserem: “Um exército que se limita a se defender é um exército derrotado. O exército imóvel se descompõe sempre. Os sistemas absolutos e exclusivos se desintegram sempre. A defensiva não é um erro, salvo se se transformar num sistema. Uma estratégia de defesa não é um fim em si mesmo. A importância de uma batalha não se mede pela amplitude de meios postos em jogo, mas pelos resultados estratégicos que incorpora”.

Outros conselhos do mesmo Cluny se aplicam ao Jobim – que desacredita, ao menos publicamente, no inimigo do Brasil. Abram áspas de novo: “Sobre o inimigo nunca subsiste qualquer dúvida, mas quanto ao aliado..., bem..., é muito menos seguro”. Já para os militares que ainda não viraram “melancias", em sua maioria, outros conselhos úteis do Cluny: “Toda aliança traz consigo vantagens e armadilhas, essas ocultas por essas mesmas vantagens. Assim como uma torrente se amolda aos acidentes do terreno, assim um exército para vencer adapta a sua ação à situação do inimigo. Na política e na guerra, o que se deve fazer com toda a urgência, se faz demasiado tarde”.

Enfim, como diria o bicheiiro-ficcional Giovane Improtta, “O tempo ruge”... Quem continuar perdendo tempo vai se ferrar. Afinal, como diria Machado de Assis, “matamos o tempo, o tempo nos enterra”.

Enfim, a sociedade brasileira só precisa definir, urgentemente, se prefere cantar a “Fibra de Herói” ou cantarolar aquela musiquinha “Marcha Soldado”...


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