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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Quatro integrantes do Exército são indiciados por homicídio culposo de aluno




Três meses após a morte do aluno do NPOR Lemyssom Rodrigo dos Santos, 19 anos, que morreu afogado durante um curso de formação de oficiais do Exército de Alagoas, quatro integrantes da corporação foram indiciados por homicídio culposo (quando não há a intenção de matar).
De acordo com o inquérito militar, que foi realizado pela Corregedoria Militar do Exército Brasileiro, os instrutores não ofereceram as condições necessárias para o socorro da vítima, que foi levada em um caminhão, e não em uma ambulância, como admitiu o comandante do 59º Batalhão de Infantaria Motorizada, tenente-coronel Cristiano Pinto Sampaio.

Lemyssom Rodrigo dos Santos

O inquérito está na 7ª cisncrição da Justiça Militar, com sede em Pernambuco, que vai julgar os quatro indiciados. Os detalhes sobre a falta de condições necessárias para o socorro de Lemysson Rodrigo dos Santos não foram divulgados pelo Exército. Segundo o tenente-coronel Cristiano Pinto Sampaio, não há prazo para que os quatro sejam julgados.
“Todos entendemos que o caso tratou-se de uma fatalidade, já que o aluno realmente se afogou. Mas ficou constatado que teve a participação de erro humano, pois quem está no Exército sabe do risco da atividade e tem por obrigação se prevenir”, salientou o comandante do 59º Batalhão.
Sampaio assegurou que “todo o processo investigatório contou com isenção e que os familiares puderam acompanhá-lo por meio de um advogado, que foi constituído para ratificar a transparência e a lisura dos trabalhos”, destacou. No entanto, sem o salvamento do estudante ter sido realizado por uma ambulância, o comandante do 59º Batalhão voltou a frisar que “todos os equipamentos médicos e os assistentes [de salvamento] seguiram no caminhão, tentando fazer o ressuscitamento de Lemyssom”.

Ten Cel Cristiano Pinto Sampaio
Comandante do 59º Batalhão de Infantaria Motorizada




O que diz a família


O advogado da família do estudante, Eduardo Monteiro, informou que os pais ainda irão pleitear, junto ao Ministério Público Militar, o indiciamento de outros instrutores, pois acreditam que existem mais pessoas a serem responsabilizadas. Segundo ele, “houve negligência e instruções elementares não foram observadas. Para se ter uma idéia, não havia, sequer, um colete ou uma corda para o exercício de uma travessia de um córrego que tinha 3,5 m de profundidade. Dos alunos que estavam fazendo o treinamento, três sequer sabiam nadar”. Mas o comandante do 59º Batalhão de Infantaria afirmou que "isso não será possível, já que o treinamento foi ministrado por apenas quatro", garantiu Cristiano Pinto Sampaio.
Ainda de acordo com o advogado Eduardo Monteiro, houve negligência por parte dos instrutores. “Temos que ser justos e dizer que não houve excesso quanto à violência física, mas, não se concebe que um treinamento militar, que tenha como objetivo a travessia de um rio, seja realizado sem que existam os equipamentos mínimos de segurança. Isso porque, não havia nenhum equipamento de segurança no local e também no caminhão, como está provado nos autos do inquérito. Além do homicídio culposo, a família acredita que os acusados também responderão pelo crime de omissão de socorro", frisou o advogado, que já ingressou com um pedido para ser habilitado como assistente de acusação.



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