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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A última moda do lucro


Senac Rio Fashion Business e Fashion Rio, que serão realizados no Rio de Janeiro na próxima semana, confirmam importância da indústria do vestuário, que emprega 201 mil em 47 mil empresas no estado

POR AURÉLIO GIMENEZ
Rio - Na próxima semana, a cidade do Rio vira a capital nacional da moda, com a realização do Senac Rio Fashion Business e do Fashion Rio. A bolsa de negócios dos dois eventos, juntos, tem expectativa de faturar mais de R$ 1 bilhão em negócios.

A 19ª edição do Senac Rio Fashion Business, que será realizada de segunda a sexta-feira nas dependências do Jockey Club, no Jardim Botânico, tem investimentos de R$ 16 milhões para divulgar a moda outono-inverno 2012. Os organizadores do evento esperam receber 70 mil visitantes e 20 mil lojistas de todo o País, entre eles mil compradores VIPs.

Foto: João Laet / Agência O Dia
Pela terceira vez no Senac Rio Fashion Business, o grupo de mulheres da ONG As Charmosas cria roupas e acessórios com material reciclado, no Engenho da Rainha e no Juramento | Foto: João Laet / Agência O Dia
Já no Fashion Rio, foram investidos R$ 15 milhões. A Inverno 2012 do Rio-à-Porter, salão de negócios do evento, de terça a sexta-feira, será na Casa Firjan da Indústria Criativa, em Botafogo.

Mais do que cifras, a promoção dos eventos é a confirmação de um dos segmentos da indústria que mais crescem no estado. Hoje, o Rio de Janeiro é o terceiro maior exportador brasileiro da indústria de vestuário, atrás de Santa Catarina e de São Paulo.

O mercado fluminense de moda envolve mais de 47 mil estabelecimentos e gera 201 mil empregos formais. “Por meio da moda, promovemos pessoas empreendedoras, capazes de movimentar os mercados brasileiro e internacional com suas micro e pequenas empresas”, diz o presidente do Sistema Fecomércio-RJ, Orlando Diniz. 

Uma semana que faz a diferença no faturamento

Muito além do charme e do glamour das top models nas passarelas, eventos de moda criam chances de negócios, geram renda e empregos em diversos polos espalhados pelo estado. Além disso, valorizam as marcas regionais e fomentam a internacionalização do segmento.

Para esta edição, os organizadores do Senac Rio Fashion Business preveem aumento de 10% nas vendas em relação ao mesmo período do ano passado. A expectativa é de R$ 760 milhões.

Os valores representam, para as 300 marcas participantes, venda em atacado de 35% a 50% de suas coleções. A relevância do evento é retratada em pesquisa realizada pela Fecomércio-RJ com 612 empresários do segmento. O levantamento revelou que 30,4% deles usam grandes eventos de moda como referência para suas coleções.

Núcleos criativos

Quinze grifes apresentarão suas coleções de inverno 2012 no Jockey Club e em pontos históricos da cidade: Addict, Afghan, Barbara Bela, Cavendish, Cholet, Francesca Romana Diana, Lix, Maria Filó, Oh, Boy!, Patricia Vieira, Sacada, Santa Ephigenia e Victor Dzenk. A marca feminina Anju Anju e a designer Camila Klein farão sua estreia nas passarelas.

A 19ª edição traz também a participação dos Núcleos Criativos, criados pela Fecomércio-RJ para inserir as micro e pequenas empresas no mercado nacional e internacional. Há núcleos da capital e das cidade de Niterói, São Gonçalo, Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo, Campos, Itaperuna, Angra dos Reis, Volta Redonda, Valença, Barra Mansa, Barra do Piraí, Três Rios e Miguel Pereira, com 78 expositores.

No Senac Rio Fashion Business também vale a pena conhecer o Espaço de Economia Solidária Criativa. Ele reúne organizações não-governamentais que produzem vestuário e acessórios de moda, com foco na sustentabilidade. São quatro ONGs com de comunidades cariocas.

Criatividade sustentável

AS CHARMOSAS

Grupo de mulheres que atua nas comunidades do Engenho da Rainha, do Complexo do Alemão e do Morro do Juramento, fazendo roupas e acessórios a partir de material reciclado. “Promovemos oficinas de artesanato, moda e empreendedorismo”, diz a coordenadora do grupo, Eleandra Fidélis.

ONDA CARIOCA

Criada na favela do Terreirão, no Recreio dos Bandeirantes, a ONG promove capacitação profissional de pessoas de baixa renda, gestão de resíduos e educação ambiental. Produz bolsas e acessórios a partir de lonas descartáveis.

RIO ECOSOL

A Associação dos Empreendedores de Economia Solidária do Quiosque 17, na Praia de Copacabana, reúne a produção de mais de 200 artesãos de todo o estado, com destaque para peças com estampas que reproduzem ícones cariocas: Cristo Redentor e Calçadão de Copacabana.

REDEIRAS

Única ONG de fora do Rio, o grupo de dez artesãs do Rio Grande do Sul produz acessórios com rede de camarão reciclável.

Espaço especial para os negócios

Além de endereço novo, em Botafogo, o Rio-à-Porter, salão de negócios do Fashion Rio, terá nesta edição 108 marcas. Na edição de Inverno de 2011, o evento gerou negócios em torno de R$ 610 milhões. 

Esse evento contará com marcas convidadas pela curadoria, incluindo marcas do line up do Fashion Rio e de polos criativos, inaugurando uma nova forma de fazer negócios. Em um ambiente mais intimista, os expositores ocuparão todos os espaços internos e externos da Casa Firjan. 

Lá, serão apresentadas peças selecionadas a compradores de todo o Brasil e do exterior. “Estamos ocupando o Rio de forma criativa. Esse formato mais orgânico é algo que estamos buscando desde o primeiro evento que realizamos”, explica Graça Cabral, diretora de parcerias estratégicas da Luminosidade. 

Segundo ela, como outras semanas de moda no mundo, o papel do Fashion Rio é somar, criar convergência e ajudar a fechar negócios. 

Viva voz: Eloysa Simão, do Senac Rio Fashion Business

“A união de moda com negócios, na verdade, eu acho que é um pleonasmo. Você não pode falar de moda sem esquecer que moda é indústria, e moda representa negócios. Moda tem seu link com a arte. Moda tem seu link com a cultura. Moda é um movimento. Um movimento que nasce de demandas sociais e comportamentais.
 
Mas a moda não vive sem o negócio. Então, é muito importante um evento como esse, porque esse é um evento que, ao mesmo tempo que trabalha a imagem, ao mesmo tempo que fala no valor agregado, dá a importância devida aos negócios. 

E esse é o momento no qual o confeccionista no Brasil, o empresário de moda no Brasil, tem que objetivar muito a competitividade dentro do mercado, porque, de agora em diante, a nossa concorrência com o mercado internacional será muito grande. E não será lá fora não; será aqui. 

E é muito importante que ele esteja preparado para isso, que ele tenha foco em aumentar sua competitividade, aumentar a lucratividade, aumentar o custo-benefício do seu produto. É isso que vai mantê-lo no mercado. Não adianta ter beleza e design, se não tiver custo-benefício, se não tiver um valor real para a roupa. Ele não vai se manter de outra forma.”

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