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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

ABANDONO DA BR - 267



Por Renata Brum*

No entrocamento da 267 com a União Indústria, placa foi derrubada
No entrocamento da 267 com a União Indústria, placa foi derrubada
A recente sobrecarga da BR-267, por causa do fechamento de outras rodovias da região, chama atenção para outro grave problema: a situação em que se encontra um dos principais acessos de Juiz de Fora. A via é a primeira impressão da cidade para quem vem de municípios da região, como Bicas e Leopoldina, e do Espírito Santo. Agora, ela também está sendo usada por motoristas que circulavam pela MG-353, que está interditada, e por condutores oriundos do Norte do Rio de Janeiro. A Tribuna circulou pelo acesso, que tem duas entradas, e encontrou problemas, como mato alto, falta de placas, inexistência de sinalização horizontal, ondulações nas pistas e muitos buracos. A imagem que a cidade deixa é de completo abandono.
A situação afeta dois caminhos: a Alameda Ilva Mello Reis e seu prolongamento pela Rua Francisco Cerqueira Cruzeiro, entre Retiro, Santo Antônio e Bairro de Lourdes, destinada a carros de passeio, e a Avenida Doutor Francisco Alves de Assis e União e Indústria, entre Retiro e Vila Ideal, rota obrigatória para veículos pesados. O fluxo intenso, sobretudo de carretas e caminhões, tem contribuído para aumentar a precariedade das vias e o perigo para moradores da região. A sinalização deficiente faz crescer o risco de acidentes e colabora para que motoristas que desconhecem o trecho se percam na área urbana.
Diante desta realidade, é impossível não fazer comparações com outros acessos a Juiz de Fora, como a chegada pelo Salvaterra, Zona Sul. Somente na reformulação da Avenida Deusdedit Salgado, concluída no ano passado, foram gastos R$ 10,4 milhões, investimentos do Governo de Minas em parceria com a Prefeitura. Além da reurbanização da pista, os recursos garantiram nova iluminação, um projeto paisagístico com espécies variadas e até um pórtico turístico avaliado em R$175,5 mil. Em contrapartida, os acessos da região Sudeste, além dos problemas já destacados, tanto para carros de passeio quanto para veículos pesados, não têm acostamento e as poucas placas existentes estão encobertas pelo mato.
Quem trafega com frequência pela região ou mesmo para quem está sendo obrigado a conviver agora com a realidade da rota, critica. "Além de o traçado ser sinuoso e estreito, o asfalto é muito irregular", comenta o comerciante de São João Nepomuceno, Léo Márcio de Sousa, 42 anos. "É muita ondulação. O carro bate o tempo todo", reclama o protético Robson Luciano Fernandes, 33. Já para o professor João Francisco Sales Neto, 40, de Bicas, o maior problema é a ausência de espaços específicos para parada dos ônibus. "A via já é estreita, e não há recuo para os ônibus, o que tumultua o trânsito."
Moradores e trabalhadores da região também reclamam. "Já perdi a conta de quantas vezes alertei sobre essa importante via de entrada e saída de nosso município. Enquanto várias obras foram feitas na Deusdedit Salgado, outras estão sendo realizada na Avenida JK, nessa via nada se faz. A última obra realizada na mesma foi uma pintura de faixa há uns dois anos. Não queremos pórtico, nem mesmo jardins, só queremos uma via decente", dispara Pedro de Oliveira. "Se compararmos a Deusdedit com esse acesso aqui, veremos que é o lado rico e o lado pobre. Trabalho aqui perto, e já cansei de ver acidentes. Eu mesmo socorri pelo menos seis pessoas. As condições do asfalto são muito ruins, mesmo sendo uma das principais chegadas do município. Acho que quem vem de fora tem uma impressão ruim da cidade", completa o motorista Marco Aurélio Guingo, 45. A Prefeitura informou que existe projeto de reurbanização do acesso pelo Bairro Santo Antônio, mas ainda está em fase de captação de recursos.
 Órgãos prometem intervenções nas vias
Para verificar as condições do acesso, a Tribuna saiu do Centro com destino à BR-267. Já na Avenida Brasil, é possível encontrar motoristas perdidos, sem saber como sair da cidade. Nas ruas dos bairros de Lourdes e Santo Antônio, além de ondulações na pista, a sinalização divisória de faixas está apagada em vários trechos. Uma das piores situações é a da Rua Francisco Cerqueira Cruzeiro. O asfalto está trincado e com deformidades. Na altura dos números 503 e 620, crateras tomaram conta da via após obras na rede de captação. Sem cobertura asfáltica, terra e brita estão espalhadas na pista, um perigo, sobretudo, para motociclistas.
Já na Alameda Ilva Mello Reis, mesmo proibido, o tráfego de caminhões pesados acontece. O jornal flagrou uma carreta de Betim parada no meio da serra. O condutor alegou não ter visto a sinalização indicando como sentido obrigatório a BR-267. "Não vi a sinalização. Subi, e o caminhão não aguentou. Mas não tem como retornar", disse o condutor, 34 anos, que não quis ser identificado.
No retorno pela BR-267, passando por dentro do Retiro e seguindo pelo trecho que coincide com a União e Indústria, mais problemas. O túnel, na altura do km 90, impossibilita a passagem de dois veículos por vez. Já a falta de calçamento obriga os pedestres a andarem pela rodovia, elevando o risco de acidentes.
No km 91, a placa que avisa sobre a passagem de um só veículo está encoberta pela vegetação, aumentando as chances de colisão frontal sobre a ponte do Rio Paraibuna. No entroncamento da BR-267 com a LMG-874, a União e Indústria, o tráfego intenso de caminhões danificou o asfalto e derrubou a placa que indica os sentidos das cidades.
Na União e Indústria, que coincide com a BR-267, a situação também é crítica. Do Retiro à Vila Ideal, motoristas convivem com sinalização falha ou escondida por arbustos, buracos e deformações na pista. A estrada também não tem acostamento. Com a circulação frequente de caminhões, motoristas forçam ultrapassagens.
Segundo a PJF, cabe ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) a conservação do trecho da União e Indústria e da BR-267. Já a assessoria do Dnit informou que a BR-267, entre o trevo do Retiro e a Vila Ideal, será revitalizada. Segundo o órgão, as intervenções deveriam ter acontecido no ano passado, porém, as obras foram suspensas porque o projeto estava aquém das necessidades. Foram inclusas melhorias, como aumento na espessura da camada de asfalto, redutores de velocidade e calçamento, duplicação de alguns pontos e passarelas de pedestres. A justificativa do órgão para a demora é que a reavaliação do projeto coincidiu com a mudança de diretoria do Dnit.
A Secretaria de Obras informou que a manutenção da Ilva Mello Reis, da Francisco Cerqueira Cruzeiro e da Avenida Doutor Francisco Alves de Assis, trecho que coincide com a 267, no Retiro, já estava programada e que, até o meio da semana, as vias passarão por tapa-buracos. A Settra garantiu que, após as intervenções, entrará com a revitalização da sinalização.
 *Colaborou Fernanda Sanglard

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