Mesmo depois de duas baterias de testes de pré-temporada na Fórmula 1, a reclamação de que o volante de 2011 é complicado demais é frequente em todas as equipes. Os novos botões do Kers e do controle da asa móvel foram introduzidos para facilitar as ultrapassagens, mas vão complicar ainda mais a vida dos pilotos na hora do momento mais emocionante de uma corrida.
"O ponto não é a quantidade de botões, mas tirar a atenção do piloto no momento da ultrapassagem para pensar que precisa apertar esse e aquele botão, ao mesmo tempo em que precisa controlar a velocidade e achar o ponto de freio na curva”, explicou Lucas di Grassi, ex-piloto da Virgin. “O acidente nessa situação seria o caso extremo, pode acontecer, mas não vai ser por causa disso”, ponderou.
Ultrapassar já era complicado antes dos novos botões, mas considerando que os comandos vieram para ajudar, o piloto Ricardo Zonta disse que não se importaria com o excesso de funções. O paranaense correu na Fórmula 1 entre 1999 e 2005, época em que o volante estava começando a ficar mais colorido. Em 2011, ele admitiu que a atenção precisará ser redobrada.
Na minha época não eram tantos botões; agora existem mais detalhes. Na verdade, só mexemos em momentos de ‘tranquilidade’, quando entramos em uma reta, por exemplo. Em uma ultrapassagem, não mexemos em nenhum comando de ajuste. No caso do Kers e da asa móvel, os botões ficarão localizados próximos do polegar dos pilotos, então eles podem efetuar a manobra sem perder o controle do carro, explicou Zonta.
“Agora, se o piloto quiser usar o Kers, a asa, falar no rádio e acertar o diferencial ao mesmo tempo em que ultrapassa, ele terá muitos problemas”, completou o ex-piloto da Toyota, que atualmente corre na StockCar e no Mundial de GT1.
A sobrecarga de funções causou reclamações até dos mais experientes, como Rubens Barrichello e Fernando Alonso. Para Di Grassi, no entanto, as inovações no volante de 2011 não chegam a ser um absurdo comparadas com o que já havia no ano passado: “Considerando o duto frontal, que tinha de tirar a mão para acionar, não chega a ser uma diferença tão grande. Os pilotos vão se adaptar aos botões a mais. Eles vão reclamar, mas vão usar da melhor maneira possível”.
Di Grassi explicou que o número de funções no volante está relacionado ao fim do controle de tração na Fórmula 1: “Todos esses botões existem porque não pode haver controle externo no carro que está na pista. Eles passam essa função via rádio, e o piloto ajusta o que tem que ajustar. Na Fórmula 1 de antigamente, os engenheiros tinham acesso ao carro via telemetria, mas agora é o piloto que tem de fazer”.
Mas, afinal, a reclamação no grid de 2011 é justa? A opinião dos ex-pilotos de Fórmula 1 é dúbia. Para Di Grassi, há sobrecarga, mas “tudo faz parte de um processo que vem se desenvolvendo nos últimos anos”.
Zonta segue a mesma linha: “É justa, partindo da premissa de que uma corrida depende do acelerador, freio, volante e braço do piloto. Mas, por outro lado, não é justa, por ser um esporte de alta tecnologia,. A história do duto frontal, quando os pilotos tiravam a mão do volante para tapar um buraco no cockpit a mais de 200 km/h pode ser uma irresponsabilidade, mas faz parte da função de ser um piloto. Somos preparados para isso”.
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