Ministro da Defesa, Nelson Jobim, que viajou ao Uruguai acompanhado por uma grande representação, descartou que este tipo de iniciativa constitua uma corrida armamentista.
O Brasil tem planos de criar com seus parceiros continentais uma base sul-americana de defesa que permita à região ter voz no mundo e dissuadir aqueles que pretendem dominar seus recursos naturais, afirmou na segunda-feira, 14, o ministro da Defesa brasileiro, Nelson Jobim.
O ministro explicou em Montevidéu, onde se reuniu com o presidente José Mujica e com seu colega uruguaio, Luis Rosadilla, que a política de defesa do Brasil se baseia na cooperação e na integração regional, para que a estratégia da América do Sul possa ser a da dissuasão.
Desta forma, o ministro apontou em entrevista coletiva que "o ambiente estratégico de Uruguai e Brasil é a região", e o da região "é o mundo", pelo que todos os países da América Latina terão de aprofundar suas relações para fazer com que o Sul tenha uma voz única nas gestões internacionais.
Nesse sentido, Jobim destacou que a política brasileira pretende a formação de uma indústria de defesa regional, na qual existam fortes investimentos dos Estados orientados ao desenvolvimento comum.
No entanto, Jobim, que viajou ao Uruguai acompanhado por uma grande representação, descartou que este tipo de iniciativa constitua uma "corrida armamentista".
"Não há corrida, é a recuperação do tempo perdido. É a necessidade que tem a região de dotarse de capacidade operacional para poder dizer que se o senhor vem aqui, o senhor vai ter problemas", apontou.
Jobim lamentou a grande dependência logística que atualmente a região tem com relação ao exterior e disse que por isso é necessário que a indústria militar se desenvolva ao lado do tecido produtivo sul-americano.
"Agora não temos o controle do Atlântico e também necessitamos controlar o espaço aéreo. Em 2025 será imposto o controle do espaço aéreo com satélites e não com radares, e é necessário ter capacidade para assumir esse controle. Temos que decidir esses pontos juntos, para ter uma maior capacidade de escala", apontou Jobim.
Da mesma forma se manifestou Rosadilla, para quem a hipótese de conflito na região será de grande importância no futuro.
"A integração regional vai fortalecer a América Latina, e essa fortaleza trará riscos, novos e maiores, e é preciso evitá-los, com debate, com diplomacia, com investimento. O Sul se fortalece, e terá que enfrentar seus desafios mais cedo que tarde", apontou.
Nos últimos tempos o Brasil anunciou um grande desenvolvimento de seu material bélico, que inclui a compra de até 11 navios para patrulha oceânica por quase US$ 6 bilhões, destinados a proteger suas reservas de hidrocarbonetos no Atlântico.
Além disso, também prevê comprar 36 aviões de defesa último modelo em uma concorrência na qual estão a empresa sueca Saab, com seu avião Gripen, a americana Boeing e seu F-18, e a francesa Dassault com o Rafale. O país ainda aguarda a construção de 50 helicópteros militares Super Cougar EC-725, que estão sendo produzidos em uma fábrica brasileira.
Antes da visita de Jobim, o governo uruguaio apontou que sua intenção é criar com o Brasil uma associação para o desenvolvimento da indústria aeronáutica militar, assim como vários acordos comerciais para a compra de material bélico.
Segundo o Uruguai, a ideia seria criar uma associação que permita a instalação de uma fábrica em algum lugar do país em cooperação com o Brasil para a produção de peças destinadas à aviação militar.
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