Depois de depor por quase duas horas na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Porto Alegre, o ex-deputado e ex-ministro dos Transportes Eliseu Padilha (PMDB) foi indiciado nesta terça-feira (15) por formação de quadrilha.
Acusado por fraude nos processos de construção das barragens Jaguari e Taquarembó, ambas no Rio Grande do Sul, o peemedebista é suspeito de favorecer empresas privadas em licitações públicas quando exercia mandato parlamentar.
O indiciamento só foi possível porque Padilha não tem mais foro privilegiado, já que não se reelegeu para a Câmara dos Deputados em 2010. Com a decisão, Padilha passa a responder ao processo na Justiça Federal –e não mais no Supremo Tribunal Federal (STF).
Flagrado pela PF durante uma das 16 investigações geradas pela Operação Solidária, em 2007, o ex-deputado teve conversas interceptadas com autorização judicial que indicam intermediação no favorecimento a empresas investigadas pela PF.
Os diálogos interceptados na investigação sustentam que houve um "acerto" de Padilha com autoridades estaduais responsáveis por elaborar os editais das duas barragens. Segundo a polícia, o objetivo era estabelecer restrições legais capazes de garantir a vitória dos empresários Marco Antônio Camino, da MAC Engenharia, e Edgar Cândia, da Magna Engenharia, ambos indiciados pela PF.
Outro lado
Padilha negou a acusação. "Sou amigo de uma pessoa que tentou participar e não participou [das licitações], que é o Marco Camino [da MAC Engenharia]. Se não participou da licitação, eu não conheço fórmula de beneficiar ou prejudicar alguém por algo que não participou. Nunca falei com ninguém do governo do Estado a favor ou contra quem quer que seja nessa licitação", defendeu-se depois do depoimento.
Segundo as investigações comandadas pelo delegado Aldronei Rodrigues, da Delegacia Fazendária, a MAC Engenharia deixou de concorrer apenas depois que a Operação Solidária se tornou pública. Mas a tentativa de controlar os editais, segundo ele, teria sido flagrada ainda na apuração.
“Esse episódio é passado”, completou Padilha. O ex-ministro preferiu não comentar o indiciamento. “Isso é o delegado que tem que comentar, eu não posso falar nada a respeito”, afirmou. Rodrigues também não quis comentar a decisão da PF.
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