Enfrentando problemas de sobrevivência em suas aldeias, muitos jovens e adultos chamados “emancipados” se inscrevem no serviço militar para adquirir o Certificado de Alistamento Militar. De posse deste documento, eles podem procurar emprego com direito a Carteira de Trabalho e seus benefícios.
É o caso de Tewaxixa Karajá, de 36 anos. Ele reside na Ilha do Bananal, em Tocantins, mas sua vida gira em torno de São Félix do Araguaia (MT), assim como milhares de indígenas da sua nação. “Eu preciso trabalhar, mas pra isso preciso alistar”, diz ele, que já é pai de família, tem muita dificuldade para alimentar os filhos e por isso decidiu pela emancipação. Sem dinheiro, a saída é procurar emprego.
No dia 13 ultimo, em São Félix do Araguaia, a 1.150 km de Cuiabá, quatro indígenas receberam o Certificado de Alistamento Militar junto a outra dezena de não índios. Durante a solenidade, Tewaxixa marchou e cantou o Hino Nacional em posição de sentido à Bandeira do Brasil, sob o comando de militares da Aeronáutica e do Exército.
O alistamento militar tem sido uma alternativa bastante procurada por indígenas. Enfrentando problemas de sobrevivência em suas aldeias, muitos jovens e adultos chamados “emancipados” se inscrevem no serviço militar para adquirir o Certificado de Alistamento Militar. De posse deste documento, eles podem procurar emprego com direito a Carteira de Trabalho e seus benefícios.
Segundo Samuel Karajá, liderança indígena que representa a aldeia Fontoura (TO), a Funai os ensinou, de 1965 a 2001, a comer carne bovina, mantendo criações de bovinos dentro da área, manejados por funcionários do próprio órgão, registrados como vaqueiros. Lavouras de arroz eram cultivadas de forma mecanizada e povo vivia na fartura.
Daniel Coxini, outra liderança Karajá, com a reestruturação da Funai, o órgão estaria obrigando os indígenas a viver exclusivamente da coleta de frutos, da pesca e da caça, quando quase tudo isto já estaria em extinção em seus territórios.
Eles ainda denunciam que a Funai tem ignorado a legislação brasileira, assim como o povo indígena, exemplificando que em 2010 enfrentaram a maior queimada já vivida na Ilha do Bananal. “Desprovidos de fiscalização com a chamada reestruturação, a presença de não índios na área tem aumentado assustadoramente, cujo objetivo é a retirada indiscriminada de nossos peixes, tartarugas e animais silvestres”.
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