A Associação Municipal de Apoio Comunitário – AMAC – foi a invenção de alguém, que em 1983, chegou à frente da Prefeitura de Juiz de Fora, MG, determinado a promover pra valer a inclusão social no município. Era preciso fazer coisa diferente do “me engana que eu gosto” no campo de atenção às camadas mais pobres que prevalecia até então.
Com poucos recursos públicos, era preciso envolver a comunidade para que se pudesse fazer, 27 anos antes, o que Dilma promete agora: acabar com a miséria. Em Juiz de Fora, usando a AMAC como instrumento, alcançamos este objetivo desde 1984.
Com a AMAC demos dinamismo à ação social e viabilizamos a surpreendente participação da sociedade no enfrentamento do problema. Quando chamamos a comunidade para a parceria, não podíamos imaginar a poderosa força que estávamos despertando.
Foram criados os Grupos Solidariedade, geridos por pessoas voluntárias da comunidade com apoio da Prefeitura. Inicialmente, foram 7 grupos: pro-creche, pro-criança, pro-moradia, pro-escola, pro-idoso, pro-alimentação e pro-energia. Através desses grupos, começamos a abrir creches, que não haviam na cidade; acolher as crianças que viviam na rua; construir casas populares para carentes; reformar e construir escolas; criar o centro de convivência da idoso; construir cozinhas comunitárias nos bolsões de miséria; fornecer padrões para energia elétrica aos mais carentes. Tudo isso, em mutirão com os moradores.
Foi criado, também, o Grupo de Ação Comunitária – GAC – sob a orientação de servidores municipais, que eram colocados como elementos de ligação entre Prefeitura e comunidade. A cidade foi dividida em 16 micro-regiões, cada uma sob a responsabilidade de um servidor. Esses coordenadores passaram e ser chamados de Prefeitinhos. Organizavam mutirões em todo canto da cidade para limpeza, saneamento, reforma de escolas, construção e casas, preparo e distribuição de alimentos, urbanização de ruas e travessas, construção de escadas nas centenas de ruas íngremes da cidade.
Foi, ainda, responsável pela abertura da Casa do Pequeno Jardineiro e da Casa da Menina Artesã, que acolheram meninos e meninas que, antes, viviam na rua. Além disso, foi aberta a Casa da Cidadania para acolher “moradores” de rua. A AMAC nasceu da mais feliz inspiração. Foi, posteriormente, reconhecida, inclusive, por organismos internacionais. Foi o melhor exemplo nacional de articulação do Poder Público com comunidade. Articulação que viabilizou muitos projetos de grande alcance social pela decisiva participação comunitária.
Com a AMAC, o poder público pode multiplicar, imensuravelmente, os parcos recursos de que dispunha. O trabalho de tantos voluntários, e o fim da miséria naqueles tempos, não tem preço.
Mesmo com a frustração de ver tudo isso abandonado, valeu a pena, porque “tudo vale a pena se a alma não é pequena”.
Tarcísio Delgado
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