Aos 27 dias do mês de maio do ano de 1836, no Estado das Alagoas, na atual cidade de Marechal Deodoro, que, à época, era homônima do Estado, nascia João Severiano da Fonseca, sétimo de dez filhos do Tenente-Coronel Manuel Mendes da Fonseca e Sra Rosa Maria Paulina da Fonseca. Da numerosa prole, todos os oito filhos homens, honrando o exemplo paterno, seguiram a carreira militar, dos quais três morreram em combate – nas Batalhas de Curupaiti e Itororó – e outro, Manuel Deodoro, foi nada menos que o General proclamador da República e seu primeiro Presidente.
Apesar de ter em suas veias o sangue militar, o jovem João Severiano, diferentemente dos demais irmãos, não enveredou de imediato pela Carreira das Armas. Antes, matriculou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, vindo a receber o grau de Doutor em Medicina no ano de 1860. Ainda acadêmico do 3º ano, teve destacada participação no combate à epidemia de cólera, que afligiu a população da cidade do Rio de Janeiro, capital do Império, em 1854. Sua atuação veio a render-lhe o agraciamento com a Comenda da Ordem da Rosa, no grau de Cavaleiro, a qual lhe foi conferida em Decreto Imperial de 2 de dezembro de 1858.
Sobre o médico formado, o General Olyntho Pilar escreve, em seu livro “Os Patronos das Forças Armadas”: “Fizera-se médico por vocação, mas aquele amor pela farda, que levara os Fonsecas à caserna, haveria de, outrossim, impeli-lo ao Exército”. Com efeito, em 20 de janeiro de 1862, João Severiano assentava praça no Corpo de Saúde, como 2º Cirurgião Tenente, vindo, em 6 de março, a ser designado para exercer suas primeiras funções no então Hospital Militar da Guarnição da Corte, atual Hospital Central do Exército.
No ano de 1864, é nomeado para o 4º Batalhão de Infantaria. No ano seguinte, já estava incorporado à expedição para a campanha do Uruguai. Nessa operação, integrou o serviço médico da Brigada e, posteriormente, do Exército Imperial, quando lhe coube dirigir, após a capitulação de Montevidéu, o Serviço de Saúde da tropa de ocupação nesta capital. Posteriormente, em Paissandu, mais uma vez suas habilidades profissionais foram fundamentais no controle de outra epidemia, agora de varíola, que assolava aquela localidade.
Ciente da campanha contra Solano Lopes, ocasião em que o Brasil viria a formar a Tríplice Aliança, juntamente com a Argentina e o Uruguai, voluntariou-se para as lides daquela guerra. Durante os combates, demonstrou enorme empenho e dedicação na assistência que prestava, não somente por convicção militar, mas principalmente pelo altruísmo inerente à profissão que abraçara. Por seus prestimosos serviços, foi promovido ao grau de Comendador da Ordem da Rosa, pelo então Marquês de Caxias, e agraciado com a Medalha Geral de Campanha da Tríplice Aliança, cunhada com o bronze dos canhões inimigos, a qual trazia o número 5, referência aos anos em campanha.
Além de seu desempenho como médico, militar e pesquisador, atuou também na política, como Senador da República, na ciência, como naturalista, e na literatura, como poeta, escritor, historiador e geógrafo. Merece destaque, dentre suas obras, o livro “Viagem ao Redor do Brasil”, publicado em 1880, no qual relata as riquezas e potencialidades geográficas do interior do País, fruto de sua participação na Comissão de Limites com a Bolívia, na qual dispendeu três anos, a partir de 1875, percorrendo o território nacional.
Dentre as muitas funções que desempenhou, destacam-se as de Diretor do Hospital Militar de Guarnição do Rio de Janeiro e Inspetor Geral do Serviço Sanitário do Exército. Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, do Instituto Histórico da Sociedade de Geografia de Madri (Espanha), do Instituto Arqueológico Alagoano, do Ateneu de Lima (Peru), do Instituto Médico Brasileiro e da Academia Imperial de Medicina do Rio de Janeiro.
O General-de-Brigada Médico, posto que alcançou no ano de 1889, faleceu em 7 de novembro de 1897, em pleno exercício de suas funções, no cargo de Inspetor Geral do Serviço Sanitário do Exército. A atitude, o patriotismo e a devoção à Medicina e ao Exército fizeram com que o General João Severiano fosse merecedor do título de Patrono do Serviço de Saúde, formalizado pelo Decreto-lei n° 2.497, de 16 de agosto de 1940, como justo reconhecimento da Pátria a esse insigne brasileiro, que, tanto na paz quanto na guerra, soube imprimir traço marcante na administração e na prestação da assistência à saúde.
FONTE: www.exercito.gov.br
Ao Cel Med Paulo Sérgio Sadauskas, diretor do Hospital Geral do Exército, em Juiz de Fora, e aos companheiros do Serviço de Saúde nossas homenagens e agradecimentos
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