Uma das caixas-pretas do Airbus A330 da Air France, que caiu no mar ao longo da costa brasileira no dia 1º de junho de 2009, foi recuperada neste domingo, anunciou o Escritório de Análises e Investigações da França (BEA, na sigla em francês), encarregado da investigação técnica da catástrofe que deixou 228 mortos. A caixa-preta, que registra os dados de voo, foi encontrada pelo robô submarino Remora 6000 às 13h40 (horário de Brasília) e já foi rebocado ao navio "Ile de Sein". “A equipe de investigação localizou e identificou o módulo de memória do gravador de parâmetros – Flight Data Recorder (FDR) – às 10h00 GMT (07h00 de Brasília) deste (domingo). Ele foi recuperado (…) às 16h40 GMT (13h40 de Brasília)”, segundo um comunicado do BEA.
A unidade de memória dessa caixa-preta contém os parâmetros técnicos do voo, como a altitude, a velocidade e a trajetória do avião da Air France. Essas informações são consideradas essenciais para descobrir as causas do acidente. O BEA indicou que o gravador está “em bom estado físico”, deixando os investigadores esperançosos em relação à leitura dos dados nele contidos.
O módulo de memória da caixa-preta foi encontrado durante a quinta fase de buscas do equipamento, iniciada na última terça-feira. "Essa nova etapa nas investigações constitui um grande avanço porque ela poderia fornecer informações suplementares sobre as causas desse acidente, inexplicado até hoje", disse Pierre-Henri Gourgeon, diretor-geral da Air France, em um comunicado.
Gourgeon disse ainda que espera “que o BEA possa trazer respostas às perguntas feitas há quase dois anos pelas famílias das vítimas, por nossa companhia e pela comunidade aérea mundial quanto aos fatos que conduziram a esse trágico acidente”.
Na quarta-feira, foi divulgada a descoberta do chassi da caixa-preta, mas sem o módulo de memória contendo os valiosos dados do voo que poderão permitir que a tragédia seja explicada. Certamente, o módulo se soltou do chassi no momento do impacto com a água.
A fase de recuperação dos destroços começou na terça-feira, dia 26, e as buscas continuam para tentar localizar a outra caixa-preta do avião, chamada Cockpit Voice Recorder, que grava as conversas dos pilotos na cabine.
País neutro
A descoberta da primeira caixa-preta aumenta as esperanças das famílias das vítimas para que a tragédia seja esclarecida. Para isso, o presidente da Associação de Familiares de Vítimas do Voo 447, Nelson Faria Marinho, defende que a caixa-preta seja analisada por um "país neutro", o que garantiria a ampla divulgação de todas as informações sobre os últimos momentos antes do acidente.
Pai de um dos passageiros, Nelson cobrou que, apesar da descoberta da caixa-preta, continuem as buscas por restos mortais. "A prioridade deles é somente a caixa-preta e os corpos são desprezados", criticou. Segundo Nelson, a continuação das buscas dependerá de uma decisão da Justiça francesa.
"Na última reunião com a BEA, em Paris, dissemos que a caixa-preta deveria ser analisada por um país neutro. Os Estados Unidos têm grande experiência e avançada tecnologia. Não confiamos na BEA e no governo francês. Nós pedimos em fevereiro que um representante dos parentes acompanhasse as buscas no navio, mas fomos vetados. No entanto, o trabalho é acompanhado por representantes da Air France e da Airbus (fabricante do avião acidentado)", afirmou Nelson.
Nenhum comentário:
Postar um comentário