O juiz Charles Renauld, ex-presidente da Ajufer (Associação dos Juízes Federais da 1ª Região), denunciado sob acusação de receptação no caso da venda irregular de uma sala da associação para pagar dívidas pessoais junto à Fundação Habitacional do Exército, acusa o também ex-presidente da Ajufer Moacir Ferreira Ramos de pagar empréstimo em seu nome sem sua autorização.
Os ex-presidentes Moacir Ferreira Ramos e Solange Salgado foram denunciados pelo Ministério Público Federal sob a acusação de apropriação indébita.
Segundo reportagem de Fausto Macedo, em "O Estado de S.Paulo", nesta sexta-feira (27/1) Renauld alega que a denúncia é inepta. "Não houve ilícito. Eu havia tomado, dentro dos parâmetros legais, empréstimo autorizado pela instituição mutuante [FHE/Poupex] e pago esse empréstimo com desconto em folha. Tudo da minha margem consignável, como qualquer servidor. À minha revelia, meu sucessor na Ajufer [Moacir Ramos] destinou parte do dinheiro da venda da sala comercial para abater a dívida do meu empréstimo".
Renauld, que exerce a função em Sinop (MT), disse que Moacir é seu inimigo.
Em reportagem publicada na Folha, em junho de 2011, a juíza Solange Salgado também disse que o uso de dinheiro da venda da sala para abater dívida foi uma tentativa de vinculá-la a um esquema fraudulento.
"Vislumbro uma tentativa ilícita de vinculação de pessoas que nada têm a ver com o esquema fraudulento e numa época em que os protagonistas já sabiam que o fato estava sendo descoberto", diz. "Não me beneficiei de qualquer valor, muito menos do valor da venda da sala."
Solange disse que participou de assembleia da Ajufer que decidiu sobre a anulação da venda e que votou pela investigação. Afirmou que iria pedir a quebra dos sigilos bancário e fiscal dos envolvidos, inclusive os dela.
Charles Moraes disse, na ocasião, que paga seu empréstimo normalmente, com desconto em folha. Ele disse que deixou a presidência da Ajufer em dezembro de 2008, e que não teve participação na venda da sala. Afirmou que ficou surpreso ao receber cópia do documento com a orientação para abater sua dívida. Diz não ter como saber se isso ocorreu.
A Folha não conseguiu ouvir Moacir Ramos, tendo deixado recado em seu celular. Em abril de 2011, ele afirmou que, "por questão estratégica", não deveria mais se manifestar.
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