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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Aniversário da ocupação: moradores convivem com traficantes desarmados



"Não há mais feiras de drogas nem bandidos carregando fuzis no meio da rua, entre as crianças. As coisas mudaram bastante. Mas o cheiro de maconha e cocaína é constante. E os meninos carregam suas trouxinhas de lá para cá. Não param de trabalhar, mesmo com os homens do Exército na rua". O depoimento de uma dona de casa, moradora da localidade conhecida como Areal, no Complexo do Alemão, sobre o atual momento de instabilidade vivido pelos moradores da região sintetiza a realidade da população de 70 mil habitantes.
Passados um ano de ocupação pelas forças de segurança pública, a venda de drogas é feita livremente. A presença de 1.600 homens do Exército não intimida os traficantes remanescentes. A diferença neste um ano de ocupação é que não há bancas de drogas nas ruas. A venda é feita de maneira mais escondida. Os moradores nascidos na comunidade dão o mapa das bocas de fumo que ainda existem. "Aqui no Areal não é bom ficar andando em becos. Os meninos (traficantes) costumam vender sempre por ali. Na Pedra do Sapo também tem que tomar muito cuidado", ensina um operário do PAC à uma equipe de reportagem do Jornal do Brasil.

Morador do Alemão há 47 anos, J.V. vê com bons olhos a ocupação da maior favela da Zona Norte pelo Exército Brasileiro. Para ele, o único e grande problema foi a não-expulsão de todos os traficantes. "De trouxinha em trouxinha de drogas que vendem, eles acabam fortalecendo o tráfico. A ocupação teria sido 100% eficaz se prendessem esses traficantezinhos que sobraram por aqui. Ainda tem muito bandido solto por este morro", aponta J.
Para Mirtes Ribeiro, 33 anos, mãe de três filhos, apesar da presença de inúmeros traficantes no complexo, há muito o que agradecer a polícia. "A ocupação do Alemão no ano passado foi como um presente de Natal. A gente sabe que o tráfico aqui não vai acabar nunca, mas pelo menos agora os meus filhos não tem mais que conviver com uma porção de bandidos armados com fuzis. O meu filho menor, de 5 anos, brincava com o cabo de vassoura fingindo estar armado. Foi muito difícil criar filho aqui. Sempre temi que algum deles fosse arrebatado pelo tráfico de drogas ou vítima de uma bala perdida", desabafou a mulher.

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