Cada vez mais pré-candidato à Prefeitura de Juiz de Fora, o deputado estadual Bruno Siqueira (PMDB) utilizou a confraternização de fim de ano do diretório do partido, na última sexta-feira, para começar a colocar o bloco na rua. Ele aproveitou a presença do ex-prefeito Tarcísio Delgado (PMDB) no evento para alfinetar o legado da primeira administração do tucano Custódio Mattos (1993-1996). "Quando o Tarcísio assumiu (a Prefeitura), em 1997, a cidade sofria com o desemprego." O deputado também se colocou contrário às privatizações, vistas por seus correligionários como herança do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). "Militei no movimento estudantil quando fui presidente do Diretório Acadêmico da Engenharia. Ali sempre defendemos a universidade pública, gratuita e de qualidade." Depois, falando da importância da função do vereador, lembrou da lei de sua autoria que proíbe a venda da Cesama. "A Cesama é hoje patrimônio do povo de Juiz de Fora."
As alfinetadas nos tucanos surtiram o efeito desejado na base peemedebista, mas ainda não conseguiram afastar de vez o fantasma do Palácio da Liberdade que ronda uma eventual candidatura de Bruno à Prefeitura. Suas reiteradas demonstrações de que vai rezar na cartilha do PMDB, no entanto, tem amenizado os discursos contrários ao seu projeto. A ala peemedebista favorável a uma aliança com o PT, da ex-reitora da Universidade Federal de Juiz de Fora, Margarida Salomão, iniciou movimento para desidratar tal alternativa. Nesse sentido, figurões do PMDB já começaram a rememorar o segundo turno de 2008, quando foi dado ao partido apenas papel secundário na reta final. Porém, a unidade das duas legendas em um eventual segundo turno com apenas um deles no páreo segue como cláusula pétrea para os peemedebistas.
A cutucada nos tucanos e os rasgados elogios de boa parte dos oradores às gestões do PMDB no comando da cidade não conseguiram convencer Tarcísio. O ex-prefeito reclamou da divisão do partido em Juiz de Fora por ocasião da eleição do diretório estadual no final de 2009. Na ocasião, Bruno, então vereador, apoiou o deputado federal Antônio Andrade, que derrotou o deputado estadual, Adalclever Lopes, que tinha o aval de Tarcísio. A disputa interna contribuiu para que o senador Hélio Costa (PMDB) fosse lançado candidato ao Governo de Minas em 2010, quando derrotado pelo governador Antônio Anastasia (PSDB). Para Tarcísio, o episódio mostra quão desastroso pode ser a divisão interna. Em seu discurso, ele evitou tratar da sucessão municipal de 2012. Aos mais próximos, no entanto, teria revelado que, se for para vencer e não para figurar, o Bruno será o candidato.
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