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domingo, 14 de agosto de 2011

TUPYNAMBÁS - 100 ANOS - PARABÉNS A TODOS OS BAETAS


O clube esportivo mais antigo de Juiz de Fora completa amanhã 100 anos de existência. No dia 15 de agosto de 1911, nascia o Tupynambás Futebol Clube, associação que teria seu auge no esporte nas décadas de 1950 e 1960 e arrebataria um grande número de torcedores e atletas que, até hoje, guardam vivas na memória histórias da época de ouro do time do coração e comemoram o simples, mas eterno, orgulho de ser Baeta.
Um dos mais fervorosos defensores do clube, o atual presidente, Luiz Carlos Campos, celebra a permanência da associação em atividade até os dias de hoje. "Tenho muito orgulho de ser o presidente do centenário, pois nasci aqui dentro. Quer dizer, já vinha na barriga da minha mãe ao clube. Fui atleta do Tupynambás e sempre estive ligado a ele. Apesar dos percalços, quem é Baeta de verdade tem muito a celebrar, e o principal é que estamos de portas abertas, seguindo em frente, superando as dificuldades e levando a tradição do Leão do Poço Rico à frente", diz.
Para quem tem a marca vermelha no coração é fácil explicar o que é ser torcedor do clube. "Sou de uma família de carijós e periquitos e só eu, seguindo meu pai, me tornei torcedor do Tupynambás", diz o ex-comentarista de rádio e ex-prefeito José Eduardo Araújo, 64 anos. "Comecei a vir ao campo com 10 anos de idade ver os jogos com a Charanga do Valdmiro (Silva, presidente do bloco carnavalesco Não Venhas Assim). As confusões, tudo era encantador. Não tinha como não me apaixonar. O coração ficou vermelho, como o sangue é vermelho."
Araújo guarda boas recordações daqueles tempos. "Me lembro que havia um torcedor, o Zé Grande, que só ficava na geral e tinha que abrir o portão do estádio para seu cavalo entrar. Ele vinha da Serrinha, montado, para ver os jogos, amarrava o animal à grade e ninguém mexia com ele. Tinha mais de 1,90m de altura e sustentava a gente nas confusões", recorda.
As memórias ternas de infância sobre o time marcaram também a vida de Odone Turolla, 76 anos."Herdei do meu pai a tradição de ser Tupynambás. Na minha infância, o Baeta era como o Flamengo no Rio, tinha a maior torcida de Juiz de Fora, disparado. Ainda menino, me lembro da conquista de 1946 (do Campeonato de Juiz de Fora), na qual o clube venceu o Sport lá no campo deles com um gol do Jair Cabecinha, para trás do meio do campo. Ele viu o goleiro adiantado e o encobriu. Não sai da minha mente."

Baeta e Leão
O apelido de Baeta tem pelo menos duas versões diferentes. "Que eu saiba, o apelido surgiu por causa de uma ave, que é vermelha e se chama Tié Baeta. Assim, como a cor da camisa era essa, ficou", diz Odone, que também foi diretor do clube nas décadas de 1960 e 1990.
A outra versão surgiu depois. "Inicialmente, como todos os clubes locais eram associados a aves - Tupi é o Galo Carijó, e o Sport o Periquito -, o Tupynambás também tinha sua ave, o Tié Baeta. Mais tarde, começou-se a fabricar um cobertor do tipo peleja, chamado Baeta, na cor vermelha, que era adquirido principalmente pelas pessoas de classes mais humildes. Assim, como a torcida do Tupynambás abarcava desde os mais ricos até os menos favorecidos, que formavam uma grande massa, pegou de vez o nome", lembra o ex-comentarista esportivo Geraldo Magela Tavares, 83 anos, que chegou a dirigir os profissionais do clube na década de 1960.
Já o atual mascote do Baeta só foi adotado anos após sua criação, e a escolha se deu pelas características da equipe. "O Leão foi uma ideia do José Paiz Soares, que queria um animal identificado com as características de força e vigor para simbolizar o clube. Acabou escolhendo o Leão", conta Magela. "O Tupynambás ficou caracterizado como time de raça. Um verdadeiro bando de leões em campo", acrescenta Turolla.

História
O Tupynambás foi fundado por Bruno Toschi, Remo Toschi, Dante Zanetti, Alberto Setta, Sebastião Taucci, Jorge Miguel, Horácio Antunes, Paulo Tirapani e Edmundo Benedicto. Primeiro, atuava no Bairro Fábrica, onde hoje fica o IFSudeste. O clube construiu sua atual sede, no Poço Rico, durante a gestão do presidente José Paiz Soares, que dá nome a seu estádio e a inaugurou em 1950.
O Baeta conquistou o Campeonato de Juiz de Fora, maior competição profissional da região até 1968, por 13 vezes, sendo o último título em 1966. Em 1969, participou do Campeonato Mineiro pela primeira vez, pois a Liga de Desportos de Juiz de Fora fora proibida de organizar o sua competição de profissionais um ano antes. Mas, como as despesas para competir eram muito altas, o clube decidiu abandonar o futebol profissional.
O Tupynambás retornou às atividades profissionais em 1983, quando disputou o Campeonato Mineiro da Segunda Divisão, mas, ao final da participação, novamente decidiu abandonar o futebol. Reabriu as portas do departamento em 2007, novamente disputando a Segunda Divisão do Estadual. Conseguiu classificação para o hexagonal decisivo, mas acabou não obtendo o acesso ao Módulo II ao final da disputa, o que gerou nova desistência.
Além do futebol, nos últimos anos, o Baeta teve iniciativas em outros esportes. A mais promissora delas foi uma parceria com a Universidade Salgado de Oliveira (Universo), através da qual a instituição de ensino superior trouxe para Juiz de Fora uma equipe de basquete feminino profissional, que disputou a Liga Nacional 2004/2005, tendo o ginásio do Baeta como sede. Mas, a iniciativa não foi além de sua primeira temporada.

1966: ano de caça ao Fantasma
A última conquista dos profissionais do Tupynambás, em 1966, tem uma história curiosa. A decisão do campeonato da Liga de Desportos de Juiz de Fora era contra o Tupi, no clássico mais antigo da cidade. Na época, o Alvinegro de Santa Terezinha havia acabado de ganhar o apelido de Fantasma do Mineirão, devido à façanha de vencer um torneio com os três times grandes de Belo Horizonte - Atlético-MG, América-MG e Cruzeiro - no principal estádio de Minas Gerais. Logo após, o Carijó foi para Caxambu disputar um jogo-treino com a Seleção Brasileira e empatou de 1 a 1.
Assim, o Tupi era o grande favorito para vencer a competição. Mas, não contava com as garras do Leão do Poço Rico e acabou derrotado. "Esse jogo me marcou. Foi meu momento mais fantástico no Tupynambás. Eles tinham ganhado de Cruzeiro, Atlético, América, empatado com a Seleção. Vieram aqui e perderam por 2 a 0. Foi o dia que ganhei mais dinheiro na minha vida. Minha sunga ficou cheia", lembra o meia Miguelzinho, hoje com 66 anos, atleta profissional do Baeta de 1963 até 1970.
Para o meia Davi, de 68 anos e atleta do Leão de 1957 até 1970, a final de 1966 foi como um título mundial. "Eles haviam treinado na sexta-feira com o Brasil e, no domingo, tinha a decisão aqui em Juiz de Fora. Bom, jogando contra um time que ganhou desses grandes de Belo Horizonte e endureceu para a Seleção, pensávamos que iríamos tomar uma goleada. Isso serviu para nos prepararmos melhor. Dissemos um para o outro que eles não iam vencer fácil. E não venceram, perderam por 2 a 0 e, para nós, foi como ganhar uma Copa do Mundo."
SÓ PARA INFORMAÇÃO E LEMBRANÇA: O TÍTULO DE SÓCIO PROPRIETÁRIO Nº 0001 ME PERTENCE, POR DOAÇÃO DE MEU BISAVÔ PAULO SCHMITZ.

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