Vivo, o companheiro José Alencar guerreou contra o câncer num dos mais renomados hospitais privados da América Latina.
Morto, foi brindado com honraria extravagante. Emprestará o nome a uma unidade hospitalar pública, destinada à clientela do SUS.
Numa das notas servidas em sua coluna, disponível na Folha, o repórter Elio Gaspari dedica meia dúzia de palavras ao contra-senso. Vale a leitura:
- Lema para a fila: A doutora Dilma mudou o título do hospital Instituto Nacional de Câncer, acrescentando-lhe o nome do vice-presidente José Alencar.
Ideia pior seria difícil. Se Alencar fosse um cliente do SUS e recorresse à fila do Inca, esperaria algo como dois meses para a primeira operação e faria uma série de quimioterapia.
Dificilmente faria a segunda cirurgia (fez 13, uma das quais com 17 horas de duração).
Também não receberia as drogas que recebeu, nem conseguiria cerca de vinte internações.
José Alencar, como a própria Dilma Rousseff, só recebeu o atendimento que teve porque foi para o Hospital Sírio Libanês, da rede privada. Ambos são exemplos do contrário do que a homenagem pretende.
Restará ao pessoal que ficará na fila do ‘José Alencar’ apenas uma piada: ‘Se nós pudéssemos, faríamos como ele, iríamos para o Sírio’.
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