Geralda Doca, O Globo
Uma série de entraves econômicos e técnicos vai atrasar o maior programa de infraestrutura com a digital da presidente Dilma Rousseff: a privatização dos grandes aeroportos. É praticamente impossível que o governo cumpra a promessa de conceder os terminais de Guarulhos, Brasília e Viracopos em dezembro.
Nos bastidores, o governo já admite que a concessão não será, inclusive, uma solução para a Copa de 2014, que terá de ser atendida com paliativos, como os "puxadinhos" (módulos que servem de área de embarque e desembarque).
Os terminais de passageiros capazes de atender à demanda de Guarulhos e de Brasília levam cinco anos para ficar prontos, disse uma fonte envolvida nas discussões. Numa previsão mais realista, o leilão de privatização somente deverá ocorrer entre março e abril de 2012 - ainda assim se as equipes responsáveis pelos estudos conseguirem fechar a modelagem no fim deste ano.
Os principais obstáculos vão da falta de interesse dos grandes investidores à participação da Infraero nos consórcios, principalmente aos vetos a serem concedidos à estatal, passando por outros itens que representam riscos ao negócio, como a administração do espaço aéreo - equipamentos e controladores, nas mãos da Aeronáutica - e o compartilhamento das bases aéreas.
Aviões militares e o presidencial usam as mesmas pistas e o mesmo sistema de radiocomunicação, mas não pagam por isso.
- A capacidade de um aeroporto depende da capacidade do espaço aéreo. O uso compartilhado das bases aéreas é outro risco para o negócio. Essas questões precisam ser bem equacionadas para que não haja uma desvalorização dos ativos - disse uma fonte que participa das discussões.
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