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quarta-feira, 6 de julho de 2011

Planalto tentou abortar carta de demissão de Alfredo Nascimento

A carta de demissão do ex-ministro Alfredo Nascimento, dos Transportes, estava pronta desde ontem.
Hoje de manhã, ao analisar o noticiário dos jornais, ele decidiu enviá-la a Dilma. O que fez por volta do meio da tarde.
O ministro Gilberto Carvalho, secretário da presidência da República, tentou demover Nascimento do gesto. Conversou com ele por telefone. Em vão.
Quando começou a circular em Brasília a notícia de que Nascimento pedira demissão, ele recebeu o pedido de um assessor de Dilma para que soltasse uma nota desmentindo.
Não topou.
Segue a íntegra da carta:
"Senhora Presidenta,
O momento por que passa o nosso Brasil exige de nós, homens públicos, coragem, determinação e compromisso para sustentar a decisão de contribuir e dedicar-se ao serviço público.
Convidado a colaborar com os governos do qual Vossa Excelência fez parte e que agora conduz, nos últimos anos abri mão de minha rotina e compromissos familiares e de uma trajetória política marcada pela honradez, pela ética e pela defesa intransigente dos interesses do Brasil e do povo do estado do Amazonas.
Antes de chegar aqui, construí uma vida pública marcada pela ocupação de diversos cargos de importância no estado do Amazonas, deixando minha contribuição à sociedade sem jamais, em momento algum, ver-me envolvido em quaisquer questionamentos quanto à lisura de meus atos como administrador público ou quanto à severa obediência aos princípios éticos mais elevados para a condução do jogo político e partidário.
A despeito de não respaldar-se em uma única prova ou indício consistente, a onda de ataques contra mim desfechada faz dos últimos dias, certamente, o período mais triste de minha vida.
Em quase 30 anos de vida pública e tendo enfrentado adversários importantes, digo que nem mesmo nos embates mais aguerridos vi-me diante de tamanha irresponsabilidade ou na contingência de defender-me de falácias. Sem provas para comprovar os atos de má fé que a mim imputam, voltam-se agora à minha família, no esforço derradeiro de dobrar-me.
Assim, em respeito à minha família e à minha biografia, peço à Vossa Excelência que aceite meu pedido de demissão, em caráter irrevogável, para que eu possa ocupar-me do esclarecimento cabal das ilações contra mim levantadas e restabelecer a credibilidade que sempre amparou o meu nome e minha trajetória como homem público.
Agradeço à Vossa Excelência pela confiança inabalável e apoio demonstrados e pela convivência fraternal que mantivemos ao longo dessa longa jornada em que, sem dúvida, cumpri os compromissos assumidos e contribuí para o projeto de tornar o Brasil um país mais justo e desenvolvido."

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